Cientistas detectam vapor d’água em Europa, lua de Júpiter

Cientistas detectam vapor d’água em Europa, lua de Júpiter

Concepção artística das plumas de Europa, que tiveram uma confirmação direta agora, com observações telescópicas. (Crédito: Nasa)

Boas notícias de Europa, a lua gelada de Júpiter. Um grupo internacional de pesquisadores fez a primeira detecção direta de vapor d’água no satélite joviano, mais um passo importante na busca por potenciais sinais de vida extraterrestre.

A equipe liderada por Lucas Paganini, do Centro Goddard de Voo Espacial da Nasa, observou Europa durante 17 noites, entre 2016 e 2017, com o Observatório Keck, no Havaí – um dos maiores do mundo.

Em 16 dessas noites, nada foi encontrado. Mas a sorte virou em 26 de abril de 2016. “Medimos 2.095 ± 658 toneladas de vapor d’água no hemisfério frontal de Europa”, escreveram os pesquisadores em seu artigo na última edição da Nature Astronomy. (Hemisfério frontal é aquele que está de frente para o sentido do movimento da lua ao redor de Júpiter, já que ela mantém sempre a mesma face voltada para o planeta.)

Comparando com situações do dia a dia, a detecção é equivalente à de várias piscinas olímpicas por hora de vapor d’água emanando da superfície do satélite natural. E, curiosamente, em apenas uma ocasião, dentre 17 observações. Mostra que o fenômeno da emissão de vapor d’água é intermitente, como já sugeriam outras detecções indiretas.

O consenso da situação de Europa vem se formando lentamente ao longo das últimas décadas. Quando as Voyagers passaram por Júpiter, entre 1979 e 1980, registraram rachaduras na superfície da lua que indicavam a possível presença de um oceano de água líquida sob a crosta de gelo. Isso foi confirmado por medidas de magnetismo feitas pela sonda Galileo, nos anos 1990.

Em 2013, observações do Telescópio Espacial Hubble detectaram os elementos hidrogênio e oxigênio (boa dica para água), apontando a possibilidade de que a lua joviana tenha plumas de água vazando por rachaduras para a superfície, a exemplo de Encélado, pequenina lua de Saturno. E uma reanálise de dados colhidos pela Galileo feita no ano passado indicou que a sonda pode ter bem atravessado uma dessas plumas de Europa sem saber.

Os novos resultados parecem consolidar essas conclusões e abrem caminho para a próxima etapa, a caracterização dessas plumas e seu padrão intermitente, o que deve se intensificar com a próxima geração de telescópios em solo, em meados da década de 2020. Tudo para abrir o apetite para o prato principal: a futura missão Europa Clipper, a ser lançada pela Nasa em 2025. Ela fará um estudo detido dessa lua, caracterizará seu oceano global para confirmar que é habitável e, quem sabe, encontrará pistas de que seja de fato habitado.

Salvador Nogueira – Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.                                                        Fonte: https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/11/25/cientistas-detectam-vapor-dagua-em-europa-lua-de-jupiter/

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